Merula Borges, coordenadora financeira da CNDL
Vivemos uma crise. Esse não é mais um ponto de discussão entre as mais diversas áreas. A pergunta não é mais se haverá recessão e sim qual o tamanho do rombo e quanto tempo ele vai durar. Então vamos lidar com a realidade: as empresas estão em dificuldade, com desafios diários para se manter e as pessoas estão com sua liberdade restrita. Bom, já que não podemos mudar a realidade o que podemos fazer é buscar para as nossas empresas as oportunidades que a crise nos apresenta.
Tendemos a pensar que corporações agem sempre de modo racional, mas não é bem assim. Na verdade, elas são guiadas por hábitos organizacionais, rotinas e decisões independentes de milhares de empregados. As rotinas trazem regras que permitem aos funcionários realizarem suas tarefas sem ter que pedir permissão a cada passo, reduzem as incertezas e criam tréguas entre indivíduos conflitantes.
Crises são grandes oportunidades para reformular hábitos organizacionais. Isso porque durante esses hábitos tornam-se adaptáveis o suficiente para distribuir novas responsabilidades e criar um equilíbrio de poder mais imparcial. Bons líderes aproveitam esses momentos para reformular suas organizações e rever seus processos. Os hábitos certos oferecem a promessa de que se você seguir os padrões não perderá tanto tempo com discussões que desviam o foco principal, que é o produto a ser entregue e a experiência do cliente.
Na live organizada pela CNDL, que teve a participação do economista Ricardo Amorim e do especialista Marcos Gouvêa sobre perspectivas para o comércio e serviços, muito se falou sobre conveniência como uma das mudanças permanentes no varejo. Difícil imaginar conveniência e experiência do cliente em processos de atendimento e de delivery com problemas de logística.
É uma situação que não gostaríamos de passar, mas já que não se pode mudar o cenário, o melhor caminho é aproveitar a vantagem que esse momento traz e olhar para dentro do negócio, elaborar novas rotinas para conseguir o melhor produto antes que o estoque chegue ao fim, garantir um processo que garanta a contratação dos melhores profissionais, uma rotina para conseguir enviar um produto para ser entregue em sete dias e não em três semanas, ou um processo de revisão tributária para redução nos impostos devidos.
Em uma área tão desafiadora quanto é a do varejo, uma empresa que não adota os processos corretos pode ficar atolado em burocracia e, uma vez que isso aconteça, a criatividade, os bons produtos e o serviços deixam de ter importância.