Ataxa de inadimplência do consumidor cresceu menos em fevereiro. O número de pessoas registradas nos cadastros negativos de crédito aumentou 3,12% em janeiro e desacelerou para 2,33% em fevereiro. Mesmo assim, existem 53,6 milhões de devedores negativados no país, equivale a 36,89% da população acima de 18 anos. As pendências com os bancos concentram 47,51% do total de débitos atrasados. Longe de comemorar, os lojistas estão receosos. A pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil avalia que a diminuição não significa que as pessoas pagaram mais dívidas. O maior endividamento, o aperto do crédito e a inflação alta são as causas da redução do calote.
O cenário econômico incerto desacelerou o consumo de bens duráveis no início deste ano, em especial a venda de eletrodomésticos da linha branca e de veículos. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, diz que o principal motivo é a diminuição do crédito a partir de meados de 2013 e com mais força em 2014. “A economia começou a entrar em retração. Do lado do consumidor, houve menor demanda de crédito e a diminuição das compras com prazos mais longos, que dependem de financiamentos”. A pesquisa mostra que as vendas a prazo cairam 4,83% em fevereiro.
Marcela destaca que os dados macroeconômicos do país estão cada vez mais fracos. Segundo ela, a inflação alta, o emprego diminuindo e as taxas de juros elevadas reduzem a confiança do consumidor. Por outro lado, a economista destaca que os bancos estão mais rigorosos e criteriosos para conceder crédito e financiamentos. Ela aponta que, diante do clima de incerteza, o consumidor ainda se segura no emprego, porque é a última peça do dominó que vira no cenário de crise econômica.
O superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Recife (CDL), Hugo Philippsen, confirma o quadro de retração do consumo local. Ele explica que a partir do segundo semestre de 2014, o consumidor pernambucano colocou o pé no freio. “Privilegiou o pagamento de dívidas, e a atualização dos débitos ao invés de comprar”. Outro movimento observado é a priorização do pagamento dos serviços. “O consumidor deixou de trocar o carro e a geladeira, e de comprar o sapato novo, para pagar as contas de luz e de telefone”, completa.
Otimista, o empresário considera que Pernambuco ainda está numa situação privilegiada em relação ao emprego. Ao mesmo tempo, reconhece que o cenário é de cautela para o consumidor e para o comércio varejista. ” O consumidor está mais temeroso de assumir novos compromissos financeiros de longo prazos, e se endividar. O lojista fica reticente para não fazer novos estoques”.
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